O presidente Michel Temer assinou decreto reajustando o valor do salário mínimo para R$ 954 em 2018. Aumento de 1,81%, que passa a valer dia 1º de janeiro, é o menor em 24 anos, segundo o Dieese.
 
O decreto reajusta o valor do salário mínimo dos atuais R$ 937 para R$ 954 (aumento equivalente a 1,81%) a partir de 1º janeiro de 2018, informou a assessoria da Casa Civil. Um reajuste de R$ 17 em relação ao atual e sairá em um uma edição extra do Diário Oficial desta sexta-feira. É o menor reajuste desde o Plano Real, anunciado em 1994, aponta a série histórica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Estabelece também o valor do pagamento mínimo diário de R$ 31,80 e a hora mínima passará dos atuais R$ 4,26 para R$ 4,34.
Esse valor é o mesmo pago a aposentados e pensionistas do INSS que ganham o piso previdenciário. O valor anteriormente aprovado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso era de R$ 965, equivalente a um aumento de 2,99% e fazia parte do Orçamento da União.
Para Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, o governo seguiu critérios técnicos e de controle de gastos públicos para definir o valor do reajuste, diante de um ano com inflação baixa. Ele pondera, no entanto, que o trabalhador poderá ter perda real com uma inflação mais alta em 2018.
– O governo tem que adotar uma decisão técnica de algo que é muito sensível do ponto de vista político. O INPC ficou abaixo do que era previamente esperado quando foram feitos os cálculos do orçamento. O problema é que quando a inflação ano que vem acelerar, como é esperado, vai haver uma perda do poder de compra e perda real do salário mínimo – observa Fernando de Holanda.
A primeira previsão do governo apontava um mínimo de R$ 979, em seguida passou para R$ 969. Isso ocorre porque o mínimo é definido por um cálculo que leva em conta a inflação do ano anterior e o crescimento do PIB de dois anos antes.
O governo previu em seus parâmetros que o INPC encerraria 2017 com um crescimento de 3,1%. No entanto, até novembro, o valor acumulado do ano está em 1,8%, exatamente o reajuste do mínimo previsto no decreto presidencial. Não haverá repasse do comportamento do PIB para os salários porque a economia apresentou queda em 2016.
Reportagem de  POLLYANA BRÊTAS / EDUARDO BARRETO, do G-1.com.