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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Australiano vai ajudar grego fotografado chorando por não conseguir sacar aposentadoria

POR PEDRO MANSUR
James Koufos, um empresário australiano, quer mandar dinheiro para o outro lado do mundo para ajudar um grego que nem conhece. E diz que será 'por quanto tempo ele precisar'.
James mora em Sydney, onde é CEO da Gap Finance, uma empresa de investimentos. Na sexta-feira, a foto abaixo, de um aposentado grego chorando do lado de fora de um banco, rodou o mundo. Sua mãe, que está na Grécia, reconheceu Giorgos Chatzifotiadis, um amigo de infância de seu marido, o pai de James, já falecido. 
"Ela estava chorando no telefone. Disse 'era um grande amigo do seu pai, estudaram na escola juntos'. Eu fiquei emocionado quando ouvi'", contou ele ao site news.com.au.
Um resumo do problema dos aposentados na crise grega: com o país negociando suas dívidas com os bancos europeus, não está recebendo euros do Banco Central Europeu. Assim, o governo mandou que os bancos permitissem apenas saques limitados para que o dinheiro não acabe. Giorgos ficou em filas em quatro diferentes bancos na sexta-feira, mas o limite diário do que os bancos podiam deixar os aposentados sacassem tinha acabado em todos eles. Ou seja, ele tem dinheiro no banco. Mas não pôde tirar nem o mínimo para cada aposentado, de 120 euro por dia (R$ 416). 
Giorgos disse que chovara no chão não por si, mas pela Grécia.  Disse que o quê o fere mais não são nem seus problemas pessoais, mas "ver seus país tão derrubado assim". "Há gente pedindo centavos nas ruas para comprar pão. Cada vez mais suícidios. Dói, e sou alguém que sente. Não aguento ver meu país assim", disse a agência AFP.
James soube da ligação de Giorgos com seu pai, acha que descobriu em que vila mora, mas não conseguiu contato e pediu ajuda nas redes: 
"Peço ajuda a todos os meus amigos para ajudar a achar este homem, até os jornalistas que virem este post, se algum de vocês tiver contatos na mídia, por favor, é urgente! 
Ele é um velho amigo do meu pai, que já morreu! Eu e a Gap Finance vamos ajudá-lo por 12 meses ou mais, por quanto tempo for preciso! 
170 euros por semana? Vamos dar mais 250! Nunca deixarei que um trabalhador grego passe fome! Compartilhem, nos ajudem a achá-lo!"
Ele falou para o Daily Mail Australia sobre o assunto: 'Tenho uma vida confortável aqui em Sydney, ver alguém que trabalhou dura a vida inteira e não consegue nem sacar a aposentadoria para alimentar a família, isso não está certo'. 
James quer usar parte da herança deixada pelo pai para ajudar Giorgos, e diz que é o que ele iria querer se estivesse vivo. Diz ainda que já recebeu 'quatro ou cinco mil euro de pessoas querendo ajudar desde que postou sobre a história'. 
"As pessoas têm me dado muita atenção nessa história, mas ela não é sobre mim. Não foquem em mim. Todos somos humanos, e às vezes nos atingem no ponto fraco e reagimos sem pensar. Foi o que aconteceu comigo quando o vi. Sabia que tinha que tentar e ajudar', afirma.

Dilma quer CPMF para pagar aposentado e corte de R$26 bi

folha de SP
Depois de enviar há 15 dias uma proposta de Orçamento com deficit para 2016, o governo Dilma, acuado pela crise política e econômica, deu uma guinada e lançou nesta segunda-feira (14) um pacote fiscal para tentar reequilibrar as contas públicas e conquistar o apoio do mercado e do empresariado.
Das 16 medidas anunciadas, que compõem um esforço fiscal de R$ 64,9 bilhões para cumprir a meta fiscal do ano que vem, apenas uma, que vai gerar uma economia de R$ 2 bilhões, não precisa passar pelo Congresso Nacional –a que reduz um benefício fiscal a exportadores.
Em entrevista no Palácio do Planalto, a equipe econômica anunciou sete medidas para gerar R$ 40,2 bilhões em aumento de receita, com a recriação da CPMF por um período de quatro anos –tributo que havia planejado recriar, recuou e, agora, incluiu novamente no seu cardápio.
Também divulgou a intenção de reduzir R$ 24,7 bilhões em despesas, depois de ter dito, para agradar petistas e movimentos sociais, que não havia mais espaço para corte no Orçamento de 2016.
As tesouradas vão atingir programas considerados prioritários pela presidente, como o Minha Casa, Minha Vida e a área da saúde, além de atingir uma das principais bases do PT, o funcionalismo público. Para economizar R$ 7 bilhões, o governo quer adiar por sete meses o aumento dos servidores no ano que vem.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou o pacote e disse que é “pouco provável” que haja consenso no Congresso sobre a CPMF. Em tom mais ameno, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que as medidas serão “melhoradas” no Congresso.
O ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou que a proposta é que a CPMF, que incide sobre movimentações financeiras, tenha uma alíquota de 0,2% e que os recursos sejam direcionados à União, que vai usar a arrecadação para cobrir o déficit da Previdência. A estimativa é arrecadar R$ 32 bilhões com o tributo.
Sem dar detalhes, o governo disse que a medida será acompanhada por uma redução do IOF –tributo elevado em 2008 para compensar parcialmente a derrubada da CPMF pelo Congresso.
“É uma contribuição de prazo determinado, com objetivo determinado, que é pagar aposentadorias e dar uma tranquilidade para a Previdência Social”, disse Levy.
GOVERNADORES
Na noite desta segunda a presidente recebeu governadores de partidos aliados em um jantar para buscar apoio à aprovação das propostas. Inicialmente, a intenção do governo era dividir os recursos da CPMF com governadores para ganhar o apoio dos Estados. Na nova versão, o dinheiro vai todo para a União.
O governo, porém, acredita que os governadores possam pressionar o Congresso por um aumento ainda maior do valor da tributação com o objetivo de que uma parte seja destinada aos Estados.
Ainda para elevar as receitas da União, o governo anunciou a ampliação do Imposto de Renda sobre ganho de capital na venda de bens que resultem em ganhos acima de R$ 1 milhão. Hoje, esse valor fica em 15%. Agora, haverá um aumento progressivo da alíquota até o teto de 30%, que incidirá sobre ganhos acima de R$ 20 milhões.
Outra mudança sensível será no Sistema S –que reúne entidades como Sesi e Senai. O governo pretende usar parte da contribuição recolhida das empresas e repassada a essas entidades para cobrir o rombo da Previdência. O Planalto já estudou mexer no sistema S no passado, mas esbarrou no lobby de entidades.
Para somar os R$ 26 bilhões previstos em cortes, o governo anunciou que vai adiar de janeiro para agosto o pagamento do reajuste salarial dos servidores públicos e suspender novos concursos em 2016.
“Estamos vivendo no setor privado uma situação de aumento de desemprego e reajustes que não estão tendo a reposição da inflação. É plenamente justificável a proposta que o governo faz a seus servidores”, afirmou Nelson Barbosa (Planejamento).
O governo pretende, ainda, usar recursos do FGTS para financiar uma parcela maior das despesas do Minha Casa, Minha Vida, cortando R$ 4,8 bilhões do Orçamento.
Também vai propor que parte dos recursos direcionados às emendas parlamentares seja necessariamente gasta em saúde e em obras do PAC. As propostas serão enviadas ao Congresso até sexta.

CAÍRAM AS MÁSCARAS DOS FORMADORES DE OPINIÃO

Almir Papalardo

O nosso querido Brasil, vorazmente sugado e destruído por uma odiosa corrupção, e total incompetência dos nossos atuais governantes, ‘FALIU’!  Perdeu toda a sua credibilidade! Foi rebaixado perante as grandes nações do mundo, passando a ser considerado como um país caloteiro. Pudera, cometeram uma tresloucada insensatez ao elaborarem o Orçamento de 2016, com um peremptório e assustador déficit, superior a  30,5 BILHÕES  de reais!

E não foram como agora todos podem claramente observar, os inocentes aposentados os culpados pelo queda do Brasil, conforme certos bobalhões formadores de opinião, afirmavam caso se restituísse  algum dos direitos há 13 anos violados desses dedicados trabalhadores. O Brasil quebraria...,  diziam eles! Nunca se viu tanta sandice e desserviços praticados por especialistas da mídia, considerados profissionais inteligentes e atuantes.

Comentaristas políticos de renome, respeitados economistas, redatores de Colunas dos principais Jornais do país, enfim, toda imprensa escrita e falada, com ares  agourento e pessimista, faziam verdadeiro terrorismo assustando a população para o perigo do Brasil quebrar, caso fosse aprovado qualquer um dos projetos que restituísse direitos dos aposentados, que agora, não passam de trabalhadores fora do mercado de trabalho, cidadãos imprestáveis e ociosos, vivendo as custas do governo, sem nada colaborar para a produtividade brasileira!!

Preferiram alimentar a terrível discriminação e o preconceito contra os indefesos aposentados,  assistindo, indiferentemente, que a cada novo reajuste anual cerca de 250 a 300 mil segurados do RGPS caíam para a vala do salário mínimo. Os aposentados terrivelmente prejudicados por essa má vontade de comentaristas compradores de diploma, que poupavam os desmandos do governo em detrimento dos segurados do INSS, nada receberam do governo e, mesmo assim, o Brasil quebrou, provando o quanto  estavam errados, com conceitos totalmente infundados, comentários facciosos, incutindo na incauta população a impossibilidade do governo atender os sagrados direitos surrupiados dos previdenciários. Os aposentados nada receberam de bom, mas como castigo para os nossos acusadores, o Brasil sucumbiu assim mesmo... 

E quanto aos parlamentares que diante dos microfones afundava mais os aposentados, votando sempre a favor do governo demonstrando de modo covarde maior ojeriza e deslealdade ao aposentado, só mostravam ser incapazes de cortar o próprio cordão umbilical que os uniam ao Executivo, ratificando meu conceito de que o Brasil está mal servido de congressistas! Está exageradamente servido quanto à Quantidade de políticos, e muito mal servido quanto a Qualidade de legisladores. Comenta-se que consta em registros, que 40% dos atuais parlamentares têm sérios problemas na justiça, não merecendo compartilhar de governo algum!!

Para finalizar lembro àqueles que bateram palmas pelo governo ter patrocinado a Copa do Mundo de 2014, quando gastou 40 BILHÕES de reais pela vaidade do patrocínio, negando sempre aos velhos aposentados um reajuste mais condizente por falta exclusiva de recursos financeiros. Não notaram a estranha coincidência de  que os 40 bilhões gastos com aquele evento, o mais vergonhoso da história do nosso futebol que também está quedado, agora estão fazendo falta no Orçamento de 2016, que acusa um baita desequilíbrio deficitário de 30,5 BILHÕES, para nivelar "RECEITAS com DESPESAS"?
  
Por fim, caíram as máscaras dos obstrutores de aposentados. Foi uma pequena vitória dos aposentados, uma vitória ainda que "AMARGA", porque, continuamos com garrotes no pescoço, sendo muito difícil conseguir a nossa Carta de Alforria. E vocês que nos torpedeiam, mordam as suas próprias língua para provarem do mesmo veneno que adoram injetar nos aposentados!
A Paula de Londrina me pergunta qual a diferença entre INSS e previdência privada.
Olha, basicamente, a forma de financiamento.
O INSS é financiado pelo regime de repartição simples ou de caixa.
Significa que a geração atual de trabalhadores contribui para pagar, no mesmo mês, as aposentadorias da geração anterior de trabalhadores que hoje está na inatividade. Há uma solidariedade inter-geracional: uma geração financia a aposentadoria da que lhe antecedeu no mercado de trabalho.
Assim, um dos equívocos do trabalhador é que ele acha que contribui para pagar sua própria aposentadoria, quando, na verdade, é para pagar a aposentadoria de alguém que nem conhece.
Já o financiamento da previdência privada é por capitalização. O trabalhador contribui para sua própria aposentadoria. As contribuições arrecadadas são poupadas e aplicadas no mercado financeiro. E como há os juros dos investimentos, a aposentadoria não sai só do seu bolso.Depois de 35 anos contribuindo, do total da reserva previdenciária, incríveis 69% vêm dos juros.
É, na previdência privada há reservas financeiras, no INSS não. Inclusive falta dinheiro: o déficit será de R$ 85 bilhões este ano.
Por isso que, nos últimos 40 anos, diminuiu de 20 salários mínimos para 5,9 salários o máximo que alguém recebe da previdência social.

STJ nega benefício de quem demorou 9 anos para reclamar

Fonte/Crédito: Blog do Onyx / Charge Nam
Depois que o INSS se recusou a restabelecer o pagamento do auxílio-doença, o trabalhador levou quase uma década para reclamar seus direitos. Foram exatos 9 anos, desde a negativa até a ideia de procurar o Judiciário. Com essa situação, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que o segurado dormiu no ponto. No julgamento do REsp 1.534.861/PB, ficou definido que o momento para o trabalhador tentar ressuscitar um auxílio-doença que vinha sendo pago, mas posteriormente cortado pelo Instituto, são cinco anos após a ciência do interessado, conforme o disposto no art. 1º do Decreto 20.910/32. Se passar desse prazo, a chance é alta de ser reconhecida a prescrição conforme posicionamento do STJ.
A legislação previdenciária possui diferentes prazos para cada tipo de problema. É preciso que a população tenha noção sobre o momento correto de reclamar, para não ser lesada. No caso decidido pelo Tribunal Cidadão, o trabalhador amargou a perda de 9 anos de atrasados além dos 13.º salários do período.
Para aquelas pessoas que nunca foram ao posto do INSS fazer o pedido inicial de algum benefício, é a de que não há prazo para reclamar. Por exemplo, a pessoa atingiu o requisito de aposentadoria, mas demorou 18 anos para ligar e agendar o pedido de benefício. Neste caso, como se trata de pedido concessório, é possível reclamar mesmo com tanta demora, mas os efeitos financeiros só surtiram efeitos dali em diante. Regra geral a pessoa perde o dinheiro dos meses que já venceram.
Já para quem já conseguiu um benefício, mas descobriu um erro na forma de cálculo dele, é possível revisar o benefício já concedido, mas a lei atual impõe que tal atitude deverá ser realizada em uma década. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.
No caso enfrentado pelo STJ, tratava-se de restabelecimento de um benefício. O auxílio-doença vinha sendo pago, até ser cessado no ano de 2003. Portanto, o trabalhador ajuizou ação em 2012 para tentar restabelecer o auxílio-doença ou mesmo que fosse reconhecido o direito à aposentadoria por invalidez.
O ministro da 2.ª turma do STJ, Humberto Martins, reconheceu a demora e justificou que o “direito conferido ao particular de buscar, judicialmente, a reforma dos atos administrativos que lhes sejam desfavoráveis não é ilimitado, estando o seu exercício condicionado à observância do prazo fixado pela legislação”.
Martins definiu que o prazo dele deveria ter sido exercido até 5 anos após a resposta do INSS, usando como parâmetro art. 1.º do Decreto n.º 20.910/1932: “As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos, contados da data do ato ou fato do qual se originarem’

Um pouco da história recente: o golpe militar no Chile e o fim do governo Salvador Allende, em 1973

  • A queda de Allende contada por quem a viveu
  • Mário Dujisin trabalhava na presidência chilena aquando do golpe de 11 de setembro de 1973. Numa conversa na Fundação José Saramago, o jornalista chileno e o historiador Fernando Rosas invocaram Salvador Allende.
“Os democratas do mundo inteiro reconhecem que Salvador Allende tentou mudar o Chile sem recurso à violência, através do exercício pleno das liberdades democráticas”, diz Mario Dujisin. O jornalista chileno radicado em Portugal desde 1990, que trabalhou com o Presidente morto há 40 anos, diz que é precisamente por isso que Allende era tão incómodo.
Cercado no Palacio de La Moneda pelo golpe militar de 11 de Setembro de 1973, Allende “matou-se depois de levar um tiro”, garante Dujisin, que então chefiava o departamento internacional e de imprensa estrangeira da Presidência da República. Durante um debate realizado esta tarde na Fundação Jose Saramago, o chileno explica que o levantamento, do qual viria a resultar a ditadura de Augusto Pinochet, foi “financiado pela direita política e económica chilena”, com a tolerância de governos estrangeiros e a colaboração financeira de grandes empresas, nomeadamente farmacêuticas alemãs.
O historiador Fernando Rosas considera que era “a possibilidade de a esquerda ganhar eleições” que assustava os promotores do golpe, sobretudo os Estados Unidos da América. Para Rosas, Allende, cuja Frente Popular venceu as eleições de 1970, foi vítima de um “ciclo de resposta” de Washington à “onda de sublevação” democrática na América Latina, que os EUA consideravam ser uma espécie de quintal traseiro.
Esse ciclo inicia-se, para o historiador, com o golpe brasileiro de 1964, contra o trabalhista João Goulart, e termina em 1975, com a instauração da ditadura argentina. “O golpe chileno foi organizado e dirigido meticulosamente pelos serviços secretos dos EUA”, diz Rosas, que aponta o dedo ainda ao aparelho judicial e à hierarquia católica do Chile.

CIA NÃO QUERIA PINOCHET

Dujisin crê, porém, que a CIA não apostava numa ditadura como a que o Chile veio a ter. “Queriam que Allende renunciasse, para apoiarem a democracia-cristã, mas o Departamento de Defesa americano queria um golpe. O que acontece é que os militares se precipitaram”. Dujisin conta que, na semana anterior ao golpe, Allende decidira convocar um plebiscito que confirmasse o seu mandato. Na quarta-feira, 12 de setembro de 1973, iria anunciá-lo num discurso à nação. Logo, “os militares adiantaram o golpe que já então planeavam para um dia antes”, explica o jornalista, que foi correspondente em Portugal da agência italiana ANSA, entre outros meios. Allende morreu numa terça-feira, quando “todos os golpes na América Latina tinham lugar ao fim de semana”.
Por uma questão da distribuição de turnos, Dujisin não estava no Palácio de La Moneda no dia fatídico. Vivia lá perto e, de manhã, teve a sensação de que um ruído de motocicleta não o deixava dormir. “Afinal não era uma mota, mas metralhadoras!”, conta. Impossibilitado pelos golpistas de chegar ao palácio, tentou comunicar a partir de uma casa de segurança que a presidência tinha nas redondezas. Os bombardeios aéreos não tardaram.
“O golpe foi cívico-militar e fez do Chile um enorme laboratório para as ideias económicas do neoliberalismo”, considera Dujisin. As ideias da escola de Chicago, e de Milton Friedman, eram “impossíveis de pôr em prática em democracia”, diz, para logo ironizar que hoje se aplicam por toda a Europa.
“O golpe inaugurou uma nova qualidade na violência repressiva”, comenta Rosas. Entre 1973 e 1990 – data do fim da ditadura, após referendo dois anos antes que Pinochet perdeu – morreram 3600 pessoas no Chile, executadas sumariamente ou vítimas da tortura. Cerca de 1000 continuam desaparecidas. O número de torturados, diz o historiador, alcançou os 28 mil naqueles 17 anos. Por comparação, nos 48 anos de ditadura em Portugal terão sido torturados 36 mil cidadãos.

A DIFÍCIL RECONCILIAÇÃO

“O objetivo era eliminar pela violência física toda a espécie de oposição política, social, etc.”, assegura Rosas, que se indigna ao recordar que “os cúmplices objetivos dos crimes da ditadura ainda aí estão hoje, tentando bloquear a recuperação da memória dos crimes”.
“Não houve julgamentos das violações dos direitos humanos”, lamenta Dujisin. “Nem sequer uma sanção moral”. Considera que os governos estrangeiros também deviam fazer um mea culpa e recorda que só dois – o de Mário Soares em Portugal e o de Giulio Andreotti em Itália – se recusaram a reconhecer o regime de Pinochet, rejeitando inclusive a presença de embaixadores chilenos nos seus países durante esse período.
A esquerda chilena – que governou entre 2000 e 2010 – fez, a seu ver, muito pouco pela memória histórica. “A direita fala de reconciliação, mas isso é quase como pedir aos judeus que se reconciliem com as SS”, ironiza Dujisin. “Um dia conheci uma mãe que perdeu cinco filhos durante a ditadura. Que reconciliação se lhe pode pedir?”. Também no campo económico a alternância democrática pouco mudou. “Sete famílias são donas do país. Mantém-se o neoliberalismo e a concentração de dinheiro nas classes mais altas”, diz Dujisin.
“A Argentina foi o país latino-americano que foi mais longe na reparação dos crimes históricos”, diz Rosas. Recentemente, o ditador Jorge Videla morreu na prisão. Pinochet faleceu em 2006, em liberdade. O juiz espanhol Baltasar Garzón chegou a conseguir a sua detenção, em 1998, em Londres, por violações dos direitos humanos, mas de volta ao Chile esteve apenas em prisão domiciliária. Quanto a Garzón, em Espanha foi demitido por ter querido abrir processos contra a ditadura franquista. “Os cães que o perseguiram puderam demiti-lo”, enfurece-se o historiador português.
As ditaduras latino-americanas acabaram “derrotadas pela resistência e pelos sacrifícios dos povos e pela mobilização da opinião pública”, considera Rosas. A esquerda acabou por voltar ao governo, em vários países da região, pela força do voto. Dujisin não acredita, contudo, que Allende pudesse alcançar hoje o poder. “É que há 30 anos os partidos socialistas eram de esquerda…”, atira.

Governo aumenta impostos, corta reajuste dos servidores públicos, propõe nova CPMF e gasolina deve aumentar

  • Governo anuncia pacote de corte de gastos e propõe volta da CPMF

Governo propõe adiamento do reajuste dos servidores públicos para agosto.
Objetivo é conseguir superávit primário de 0,7% do PIB no ano que vem.

Alexandro Martello e Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
 Após um final de semana de muitas reuniões entre a presidente Dilma Rousseff e vários de seus ministros, o governo federal anunciou nesta segunda-feira (14) um bloqueio adicional de gastos no orçamento de 2016 no valor de R$ 26 bilhões. Além disso, o governo também está anunciando uma nova rodada de alta de tributos, com a proposta de retorno da CPMF.
A CPMF, segundo os cálculos divulgados pelo governo, vai ser responsável por metade do ajuste nas contas públicas anunciado nesta segunda-feira para o ano de 2016, que é de R$ 64,9 bilhões. “O objetivo é que a CPMF não dure mais do que quatro anos”, disse o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
 
CORTES E RECEITAS
Governo anunciou recriação da CPMF
As medidas, que foram anunciadas por Levy e pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, representam recuo em relação à posição adotada anteriormente. Na semana retrasada, Dilma havia dito que o governo cortou tudo que poderia ser cortado.
“Muitas das medidas exigirão apoio do Congresso para se tornarem efetivas, e a confiança dos brasileiros. Foi sugerido que se procurasse dialogar mais com a sociedade para que tivesse pleno entendimento sobre a necessidade desse esforço adicional. Nestas últimas semanas, ficou absolutamente evidente para todos a necessidade desse ajuste. Temos os próximos meses para converter em realidade essas medidas, principalmente por meio da votação de projetos de lei e PECs”, declarou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
O ministro da Fazenda informou ainda que, ao atualizar os parâmetros do orçamento do ano que vem, baixando a previsão do nível de atividade, foi estimada uma perda de R$ 5,5 bilhões em arrecadação em 2016. O orçamento do ano que vem trazia uma previsão de queda do PIB de 2015 de 1,8% e um aumento de 0,2% no próximo ano. Na semana passada, entretanto, o mercado financeiro previu uma contração do PIB de 2,55% neste ano e de 0,6% em 2016. Queda maior do PIB representa menos recursos no caixa do governo.
Volta da CPMF
O governo informou que vai propor o retorno da CPMF, com alíquota de 0,2%, inferior, portanto, aos 0,38% que vigoravam antes. Também informou que vai reduzir o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Com isso, espera conseguir R$ 32 bilhões em 2016.
“Essa é uma medida bastante central no esforço. Foi considerada que, diante de todas as alternativas de tributos, a prorrogação da vigência da lei original da CPMF seria um caminho que traria menor distorção à economia, seria o caminho com menor impacto inflacionário, seria melhor distribuído. Incide de maneira equitativa em todos os setores. E, na verdade se a gente for pensar, tratam-se de dois milésimos do que [a pessoa] vai comprar. Você teria, por exemplo, dois milésimos de uma entrada de cinema que você comprar para diminuir o déficit da Previdência Social”, declarou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Ele acrescentou que a CPMF seria “provisória”, mas não informou por quanto tempo ela teria validade. “Procuramos por essa alíquota no mínimo necessário para a segurança fiscal. Conhecemos essa medida. Essa contribuição é que os bancos estão preparados em implementar. É relativamente rápida, tem grande transparência. Alcança o informal. Depois de ouvir muitos empresários, essa seria a forma mais eficaz de proteger a Previdência Social em um momento em que a economia enfrenta dificuldades, que tem se agravado, com essa questão do grau de investimento”, disse o ministro da Fazenda.
Mais tributos
O governo informou ainda que diminuirá o benefício a ser concedido no próximo ano para os exportadores de produtos manufaturados. A alíquota do Reintegra, programa que “devolve” aos empresários uma parte do valor exportado em produtos manufaturados por meio de créditos do PIS e Cofins, que seria de 1% em 2016, será de apenas 0,1%. O benefício, portanto, foi praticamente eliminado no ano que vem. Com isso, o governo vai arrecadar R$ 2 bilhões a mais.
Também cairá o benefício dado à indústria química (por meio do PIS/Cofins), que renderá mais R$ 800 milhões ao governo. O ministro da Fazenda,  Joaquim Levy, anunciou ajustes nos juros sobre capital próprio, limitando a incidência da TJLP a 5% do efeito do cálculo, e aumento da alíquota de 15% para 18%. Essa medida renderá mais R$ 1,1 bilhão aos confres públicos.
 Imposto sobre ganho de capital
O ministro anunciou ainda a criação de um imposto sobre “ganho de capital progressivo”, que será cobrado sobre aumentos de receita das pessoas físicas. Esse tributo vai afetar, por exemplo, os recursos gerados com a venda de um imóvel. Atualmente, há uma cobrança de 15% sobre o valor da venda da propriedade. Agora, o percentual será maior, conforme o volume de recursos gerados com a operação. O impacto estimado com o tributo é de R$ 1,8 bilhão. O novo imposto terá as seguintes alíquotas:
Para venda de até R$ 1 milhão será de 15% De R$ 1 milhão a R$ 5 milhões, será de 20% De R$ 5 milhões a R$ 20 milhões, será de 25% Mais de R$ 20 milhões, será de 30%
“Como é um imposto novo isso leva uma mudança de hábitos. É difícil estimar as receitas. É um ganho de quando você aliena um bem. Hoje você paga 15%. Agora, quando houver vendas cumulativas acima de R$ 1 milhão, você pagará uma alíquota maior”, disse.
Sistema S
O ministro da Fazenda informou que vai “compartilhar temporariamente” com os órgãos do sistema S os estímulos hoje concedidos para empresas que investem em inovação. A expectativa é gerar um impacto positivo de R$ 2 bilhões.
“Hoje já temos alguns programas de valorização da inovação. Temos lá de trás a chamada lei do MEI, que permitia que várias despesas pudessem ser abatidas em dobro do custo do lucro tributado. Era um estímulo. No caso, estamos compartilhando esse estímulo pelos órgãos do sistema S, temporariamente”, disse.
Além disso, Joaquim Levy informou que haverá redução de 30% nas alíquotas do sistema S e do Sebrae e, também, oneração da tributação da contribuição previdenciária incidente sobre a folha – o que renderá mais R$ 6 bilhões aos cofres públicos em 2016. Na prática, esses recursos deixarão de ir para o Sistema S e passarão a ser direcionados para a Previdência Social.
Reajuste de servidores, concursos e DAS
Entre as medidas anunciadas, do lado do bloqueio de gastos, está o adiamento do reajuste do salário dos servidores públicos até agosto do ano que vem. Sem essa medida, os salários seriam corrigidos em janeiro de 2016. Com essa medida, o governo espera um impacto de R$ 7 bilhões a menos nos gastos públicos.
Além disso, também haverá suspensão de concursos públicos, que estavam estimados em R$ 1,5 bilhão em gastos em 2016. O governo anunciou ainda uma redução de R$ 2 bilhões em despesas discricionárias com DAS (cargos comissionados). Outras medidas anunciadas prevêem redução de ministérios (R$ 200 milhões a menos) e limites para gastos com servidores menores (R$ 200 milhões a menos também).
Teto salarial
O governo pretende ainda enviar ao Congresso projeto de lei para garantir o cumprimento do teto salarial a todos os agentes públicos e servidores. Atualmente, a legislação já diz que a remuneração no setor público não pode ultrapassar o salário de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas alguns benefícios e complementações salariais acabam por aumentar o valor.
Segundo Nelson, o projeto de lei imporia limites a situações que hoje geram salário superior ao teto.  “Vamos enviar um projeto de lei que vai disciplinar a metodologia de cálculo e o que entra ou não no teto de remuneração e ao mesmo tempo estabelecer um sistema de cruzamento de dados.”
 Abono permanência
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciou que vai eliminar o chamado abono de permanência, que um benefício remuneratório pago a servidores que já atingiram a idade para se aposentar, mas que permanecem na função. A extinção do benefício tem que ser feita por proposta de emenda à Constituição.
“Vamos eliminar o abono de permanência. A previsão é que mais 123 mil servidores adquirirão nos próximos anos. No próximo ano, os gastos com o abono serão de R$ 1,2 bilhão de reais”, disse o ministro.
Minha Casa, Minha Vida, PAC e Saúde
O ministro do Planejamento anunciou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) vai sofrer corte no trecho que trata do Minha Casa, Minha Vida, em R$ 4,8 bilhões.
“Para que isso não comprometa a execução do programa a nossa proposta é que o FGTS direcione recursos para pagamento de parte das despesas do Minha Casa, Minha Vida, na faixa 1, que hoje não recebe recursos do FGTS”, disse Barbosa.
Segundo ele, também está prevista uma renegociação de contratos de aluguel, manutenção e segurança, entre outros, para economizar mais R$ 1,6 bilhão no ano que vem.
Outra medida anunciada é a redução de gastos em R$ 3,8 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (sem Minha Casa Minha Vida) e de mais R$ 3,8 bilhões em gastos com Saúde (a serem recompostos posteriormente com emendas parlamentares).
 
Objetivo das medidas anunciadas
O objetivo do novo bloqueio de gastos é tentar reequilibrar a peça orçamentária do ano que vem, que foi enviada ao Congresso Nacional, pela primeira vez, com déficit (despesas maiores do que receitas) e evitar novo rebaixamento da nota brasileira pelas agências de clasificação de risco. Na semana passada, o Brasil perdeu o grau de investimento da Standard & Poors.
Meta fiscal
Para aumentar a confiança no Brasil, o governo já informou que buscará, ao invés de uma meta de déficit fiscal de R$ 30,5 bilhões para o governo (0,5% do PIB) ou de R$ 21,1 bilhões para todo o setor público (governo, estados, municípios e estatais), ou 0,34% do PIB – conforme está no orçamento de 2016 – um superávit primário, a economia para pagar juros da dívida pública, de 0,7% do PIB no ano que vem.
A retomada de uma meta superavitária para o próximo ano, da ordem de 0,7% do PIB, acontece após disputas internas entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que defende um resultado positivo para as contas públicas em 2016, e o titular do Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa – que buscava, com um déficit, uma meta mais “realista”.
Para se atingir essa meta de 0,7% do PIB, o governo informou que o esforço adicional, a ser implementado por meio de corte adicional de gastos e de aumento de tributos, é de R$ 64,9 bilhões – o equivalente a 1,1% do PIB. Esse é o valor do esforço para sair de um déficit de R$ 30,5 bilhões para o governo, previsto no orçamento, e se atingir uma meta fiscal de 0,7% para todo o setor público no ano que vem.
Ajuste nas contas públicas
Neste ano, para tentar melhorar o perfil das contas públicas, o governo já anunciou uma série de medidas fiscais – principalmente de aumento de impostos, mas também de bloqueio de gastos e limitação de benefícios sociais.
Também foram promovidas limitações de benefícios sociais, como seguro-desempregoauxílio-doença e pensão por mortealém de aumento da tributação sobre a folha de pagamentos. Todas estas medidas já passaram pelo crivo do Congresso Nacional e foram sancionadas pela presidente Dilma Rousseff.
Além disso, foram bloqueados quase R$ 80 bilhões no orçamento de 2015 – em relação aos valores aprovados pelo Congresso Nacional. Os investimentos, até o momento, foram o principal alvo dos bloqueios impostos pela equipe econômica neste ano.
Resultados fiscais
No ano passado, as contas de todo o setor público (governo, estados, municípios e empresas estatais) registraram o primeiro déficit primário (receitas menos despesas, sem contar juros) anual da história. Em 2014, o déficit primário foi de R$ 32,53 bilhões, ou 0,63% do PIB.
Em 2015, apesar dos vários aumentos de tributos e bloqueio de gastos públicos, as contas públicas continuaram a registrar deterioração. De janeiro a julho, foi contabilizado o pior resultado da série histórica, que começa em 2001, para este período. Em 12 meses até julho, houve um déficit primário de R$ 50,99 bilhões, ou 0,89% do PIB, também o pior resultado da série histórica para este indicador.
Quando se incorporam os juros da dívida pública na conta, no conceito conhecido no mercado como resultado “nominal”, houve déficit de R$ 502 bilhões em 12 meses até julho, o equivalente a expressivos 8,81% do PIB. Trata-se, também, do pior resultado da história. O déficit nominal foi impulsionado pelos gastos do Banco Central com os contratos de “swap cambial” – que já superam R$ 90 bilhões em 2015.
Se fechar neste patamar em 2015, o resultado nominal do Brasil só estaria em melhor situação da de países como Bahrein (déficit de 9,8% do PIB), Antigua (-10,5% do PIB), Algéria (-12,5% do PIB), Brunei (-15,6% do PIB), República do Djibuti (-13% do PIB), Egito (-11,7% do PIB), Guinea Equatorial (-21,4% do PIB), Eritreia (-12,18% do PIB), Guiné (-10,1% do PIB), Iraque (-9,9% do PIB), Líbia (-68% do PIB) e Venezuela (-19,9% do PIB), de acordo com projeções do Fundo Monetário Internacional.