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sexta-feira, 8 de julho de 2016

Você vai precisar trabalhar após a aposentadoria?

Era da aposentadoria flexível. É assim que a pesquisa “A nova cara da aposentadoria”, realizada pela Aegon, se refere a um modelo de transição mais gradual para a saída completa do mercado de trabalho. Os resultados do estudo mostram que a tradicional aposentadoria abrupta – em que as pessoas param de trabalhar totalmente em uma data precisa – está cedendo lugar, lentamente, ao conceito de uma aposentadoria progressiva. Hoje, além de ser vantajoso, é muitas vezes necessário que as pessoas adiem a saída do mercado e continuem a trabalhar após a aposentadoria para complementar a renda.
No Brasil, aproximadamente um quarto dos trabalhadores (24%) acredita que vai parar de trabalhar completamente e entrar na aposentadoria. Pouco mais da metade (51%) espera algum tipo de transição, mudando a forma como trabalha – em tempo parcial ou contratos temporários – antes de abandonar o emprego remunerado (30% preveem isso), ou mudando o trabalho e continuando de alguma forma a trabalhar após a aposentadoria (21%). Um sexto (16%) acredita que continuará trabalhando.
Aposentadoria progressiva no Brasil Para Andrea Levy, assessor especial da Mongeral Aegon e um estudioso dos impactos da longevidade na previdência, falta ao país formas alternativas de trabalho na aposentadoria que possam ser um complemento da renda. “Isso já acontece em outros países, como a possibilidade de se trabalhar em horários reduzidos após a aposentadoria, com encargos menores pagos ao governo”, declara.
À medida que as pessoas envelhecem, trabalhar com os mesmos níveis de energia ou na mesma posição pode não ser uma opção. As empresas cada vez mais precisam dar possibilidades aos seus funcionários na modificação de função e responsabilidade. Um exemplo é o dos trabalhadores cujo trabalho requer considerável esforço físico.
O indício global é que os empregadores não fornecem a seus funcionários opções suficientes para trabalharem em idade avançada. Esse também é o caso no Brasil, apesar de ser um pouco menor. Somente um quarto (25%) dos trabalhadores brasileiros diz que seu empregador oferece trabalho mais adequado a trabalhadores mais velhos e a 18% é oferecida a opção de mudar de trabalho em tempo integral para trabalho em tempo parcial. A um quarto (24%) é oferecido conselhos financeiros, e, ao mesmo número, é oferecido plano de saúde por meio da empresa durante a aposentadoria.
O ritmo da mudança é lento, com apenas 22% dos empregados concordando que seus empregadores oferecem mais apoio do que anos atrás. As empresas precisam fazer mais para ajudar seus empregados a realizar uma transição gradual do trabalho para a aposentadoria. Na prática, isso significa permitir que mais pessoas trabalhem meio expediente e misturem trabalho e lazer. Ainda há muito a ser feito para tornar a aposentadoria flexível uma realidade.
“O Brasil está atrasado em relação ao envelhecimento da população porque essa transição aconteceu muito rapidamente. Desde a real entrada da mulher no mercado de trabalho e a queda na taxa de natalidade até o dias de hoje, se passaram cerca de 30 anos. Enquanto na Alemanha, por exemplo, essa transição aconteceu em 150 anos”, comenta Levy.
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