Powered By Blogger

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Um pouco da história recente: o golpe militar no Chile e o fim do governo Salvador Allende, em 1973

  • A queda de Allende contada por quem a viveu
  • Mário Dujisin trabalhava na presidência chilena aquando do golpe de 11 de setembro de 1973. Numa conversa na Fundação José Saramago, o jornalista chileno e o historiador Fernando Rosas invocaram Salvador Allende.
“Os democratas do mundo inteiro reconhecem que Salvador Allende tentou mudar o Chile sem recurso à violência, através do exercício pleno das liberdades democráticas”, diz Mario Dujisin. O jornalista chileno radicado em Portugal desde 1990, que trabalhou com o Presidente morto há 40 anos, diz que é precisamente por isso que Allende era tão incómodo.
Cercado no Palacio de La Moneda pelo golpe militar de 11 de Setembro de 1973, Allende “matou-se depois de levar um tiro”, garante Dujisin, que então chefiava o departamento internacional e de imprensa estrangeira da Presidência da República. Durante um debate realizado esta tarde na Fundação Jose Saramago, o chileno explica que o levantamento, do qual viria a resultar a ditadura de Augusto Pinochet, foi “financiado pela direita política e económica chilena”, com a tolerância de governos estrangeiros e a colaboração financeira de grandes empresas, nomeadamente farmacêuticas alemãs.
O historiador Fernando Rosas considera que era “a possibilidade de a esquerda ganhar eleições” que assustava os promotores do golpe, sobretudo os Estados Unidos da América. Para Rosas, Allende, cuja Frente Popular venceu as eleições de 1970, foi vítima de um “ciclo de resposta” de Washington à “onda de sublevação” democrática na América Latina, que os EUA consideravam ser uma espécie de quintal traseiro.
Esse ciclo inicia-se, para o historiador, com o golpe brasileiro de 1964, contra o trabalhista João Goulart, e termina em 1975, com a instauração da ditadura argentina. “O golpe chileno foi organizado e dirigido meticulosamente pelos serviços secretos dos EUA”, diz Rosas, que aponta o dedo ainda ao aparelho judicial e à hierarquia católica do Chile.

CIA NÃO QUERIA PINOCHET

Dujisin crê, porém, que a CIA não apostava numa ditadura como a que o Chile veio a ter. “Queriam que Allende renunciasse, para apoiarem a democracia-cristã, mas o Departamento de Defesa americano queria um golpe. O que acontece é que os militares se precipitaram”. Dujisin conta que, na semana anterior ao golpe, Allende decidira convocar um plebiscito que confirmasse o seu mandato. Na quarta-feira, 12 de setembro de 1973, iria anunciá-lo num discurso à nação. Logo, “os militares adiantaram o golpe que já então planeavam para um dia antes”, explica o jornalista, que foi correspondente em Portugal da agência italiana ANSA, entre outros meios. Allende morreu numa terça-feira, quando “todos os golpes na América Latina tinham lugar ao fim de semana”.
Por uma questão da distribuição de turnos, Dujisin não estava no Palácio de La Moneda no dia fatídico. Vivia lá perto e, de manhã, teve a sensação de que um ruído de motocicleta não o deixava dormir. “Afinal não era uma mota, mas metralhadoras!”, conta. Impossibilitado pelos golpistas de chegar ao palácio, tentou comunicar a partir de uma casa de segurança que a presidência tinha nas redondezas. Os bombardeios aéreos não tardaram.
“O golpe foi cívico-militar e fez do Chile um enorme laboratório para as ideias económicas do neoliberalismo”, considera Dujisin. As ideias da escola de Chicago, e de Milton Friedman, eram “impossíveis de pôr em prática em democracia”, diz, para logo ironizar que hoje se aplicam por toda a Europa.
“O golpe inaugurou uma nova qualidade na violência repressiva”, comenta Rosas. Entre 1973 e 1990 – data do fim da ditadura, após referendo dois anos antes que Pinochet perdeu – morreram 3600 pessoas no Chile, executadas sumariamente ou vítimas da tortura. Cerca de 1000 continuam desaparecidas. O número de torturados, diz o historiador, alcançou os 28 mil naqueles 17 anos. Por comparação, nos 48 anos de ditadura em Portugal terão sido torturados 36 mil cidadãos.

A DIFÍCIL RECONCILIAÇÃO

“O objetivo era eliminar pela violência física toda a espécie de oposição política, social, etc.”, assegura Rosas, que se indigna ao recordar que “os cúmplices objetivos dos crimes da ditadura ainda aí estão hoje, tentando bloquear a recuperação da memória dos crimes”.
“Não houve julgamentos das violações dos direitos humanos”, lamenta Dujisin. “Nem sequer uma sanção moral”. Considera que os governos estrangeiros também deviam fazer um mea culpa e recorda que só dois – o de Mário Soares em Portugal e o de Giulio Andreotti em Itália – se recusaram a reconhecer o regime de Pinochet, rejeitando inclusive a presença de embaixadores chilenos nos seus países durante esse período.
A esquerda chilena – que governou entre 2000 e 2010 – fez, a seu ver, muito pouco pela memória histórica. “A direita fala de reconciliação, mas isso é quase como pedir aos judeus que se reconciliem com as SS”, ironiza Dujisin. “Um dia conheci uma mãe que perdeu cinco filhos durante a ditadura. Que reconciliação se lhe pode pedir?”. Também no campo económico a alternância democrática pouco mudou. “Sete famílias são donas do país. Mantém-se o neoliberalismo e a concentração de dinheiro nas classes mais altas”, diz Dujisin.
“A Argentina foi o país latino-americano que foi mais longe na reparação dos crimes históricos”, diz Rosas. Recentemente, o ditador Jorge Videla morreu na prisão. Pinochet faleceu em 2006, em liberdade. O juiz espanhol Baltasar Garzón chegou a conseguir a sua detenção, em 1998, em Londres, por violações dos direitos humanos, mas de volta ao Chile esteve apenas em prisão domiciliária. Quanto a Garzón, em Espanha foi demitido por ter querido abrir processos contra a ditadura franquista. “Os cães que o perseguiram puderam demiti-lo”, enfurece-se o historiador português.
As ditaduras latino-americanas acabaram “derrotadas pela resistência e pelos sacrifícios dos povos e pela mobilização da opinião pública”, considera Rosas. A esquerda acabou por voltar ao governo, em vários países da região, pela força do voto. Dujisin não acredita, contudo, que Allende pudesse alcançar hoje o poder. “É que há 30 anos os partidos socialistas eram de esquerda…”, atira.

Governo aumenta impostos, corta reajuste dos servidores públicos, propõe nova CPMF e gasolina deve aumentar

  • Governo anuncia pacote de corte de gastos e propõe volta da CPMF

Governo propõe adiamento do reajuste dos servidores públicos para agosto.
Objetivo é conseguir superávit primário de 0,7% do PIB no ano que vem.

Alexandro Martello e Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
 Após um final de semana de muitas reuniões entre a presidente Dilma Rousseff e vários de seus ministros, o governo federal anunciou nesta segunda-feira (14) um bloqueio adicional de gastos no orçamento de 2016 no valor de R$ 26 bilhões. Além disso, o governo também está anunciando uma nova rodada de alta de tributos, com a proposta de retorno da CPMF.
A CPMF, segundo os cálculos divulgados pelo governo, vai ser responsável por metade do ajuste nas contas públicas anunciado nesta segunda-feira para o ano de 2016, que é de R$ 64,9 bilhões. “O objetivo é que a CPMF não dure mais do que quatro anos”, disse o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
 
CORTES E RECEITAS
Governo anunciou recriação da CPMF
As medidas, que foram anunciadas por Levy e pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, representam recuo em relação à posição adotada anteriormente. Na semana retrasada, Dilma havia dito que o governo cortou tudo que poderia ser cortado.
“Muitas das medidas exigirão apoio do Congresso para se tornarem efetivas, e a confiança dos brasileiros. Foi sugerido que se procurasse dialogar mais com a sociedade para que tivesse pleno entendimento sobre a necessidade desse esforço adicional. Nestas últimas semanas, ficou absolutamente evidente para todos a necessidade desse ajuste. Temos os próximos meses para converter em realidade essas medidas, principalmente por meio da votação de projetos de lei e PECs”, declarou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
O ministro da Fazenda informou ainda que, ao atualizar os parâmetros do orçamento do ano que vem, baixando a previsão do nível de atividade, foi estimada uma perda de R$ 5,5 bilhões em arrecadação em 2016. O orçamento do ano que vem trazia uma previsão de queda do PIB de 2015 de 1,8% e um aumento de 0,2% no próximo ano. Na semana passada, entretanto, o mercado financeiro previu uma contração do PIB de 2,55% neste ano e de 0,6% em 2016. Queda maior do PIB representa menos recursos no caixa do governo.
Volta da CPMF
O governo informou que vai propor o retorno da CPMF, com alíquota de 0,2%, inferior, portanto, aos 0,38% que vigoravam antes. Também informou que vai reduzir o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Com isso, espera conseguir R$ 32 bilhões em 2016.
“Essa é uma medida bastante central no esforço. Foi considerada que, diante de todas as alternativas de tributos, a prorrogação da vigência da lei original da CPMF seria um caminho que traria menor distorção à economia, seria o caminho com menor impacto inflacionário, seria melhor distribuído. Incide de maneira equitativa em todos os setores. E, na verdade se a gente for pensar, tratam-se de dois milésimos do que [a pessoa] vai comprar. Você teria, por exemplo, dois milésimos de uma entrada de cinema que você comprar para diminuir o déficit da Previdência Social”, declarou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Ele acrescentou que a CPMF seria “provisória”, mas não informou por quanto tempo ela teria validade. “Procuramos por essa alíquota no mínimo necessário para a segurança fiscal. Conhecemos essa medida. Essa contribuição é que os bancos estão preparados em implementar. É relativamente rápida, tem grande transparência. Alcança o informal. Depois de ouvir muitos empresários, essa seria a forma mais eficaz de proteger a Previdência Social em um momento em que a economia enfrenta dificuldades, que tem se agravado, com essa questão do grau de investimento”, disse o ministro da Fazenda.
Mais tributos
O governo informou ainda que diminuirá o benefício a ser concedido no próximo ano para os exportadores de produtos manufaturados. A alíquota do Reintegra, programa que “devolve” aos empresários uma parte do valor exportado em produtos manufaturados por meio de créditos do PIS e Cofins, que seria de 1% em 2016, será de apenas 0,1%. O benefício, portanto, foi praticamente eliminado no ano que vem. Com isso, o governo vai arrecadar R$ 2 bilhões a mais.
Também cairá o benefício dado à indústria química (por meio do PIS/Cofins), que renderá mais R$ 800 milhões ao governo. O ministro da Fazenda,  Joaquim Levy, anunciou ajustes nos juros sobre capital próprio, limitando a incidência da TJLP a 5% do efeito do cálculo, e aumento da alíquota de 15% para 18%. Essa medida renderá mais R$ 1,1 bilhão aos confres públicos.
 Imposto sobre ganho de capital
O ministro anunciou ainda a criação de um imposto sobre “ganho de capital progressivo”, que será cobrado sobre aumentos de receita das pessoas físicas. Esse tributo vai afetar, por exemplo, os recursos gerados com a venda de um imóvel. Atualmente, há uma cobrança de 15% sobre o valor da venda da propriedade. Agora, o percentual será maior, conforme o volume de recursos gerados com a operação. O impacto estimado com o tributo é de R$ 1,8 bilhão. O novo imposto terá as seguintes alíquotas:
Para venda de até R$ 1 milhão será de 15% De R$ 1 milhão a R$ 5 milhões, será de 20% De R$ 5 milhões a R$ 20 milhões, será de 25% Mais de R$ 20 milhões, será de 30%
“Como é um imposto novo isso leva uma mudança de hábitos. É difícil estimar as receitas. É um ganho de quando você aliena um bem. Hoje você paga 15%. Agora, quando houver vendas cumulativas acima de R$ 1 milhão, você pagará uma alíquota maior”, disse.
Sistema S
O ministro da Fazenda informou que vai “compartilhar temporariamente” com os órgãos do sistema S os estímulos hoje concedidos para empresas que investem em inovação. A expectativa é gerar um impacto positivo de R$ 2 bilhões.
“Hoje já temos alguns programas de valorização da inovação. Temos lá de trás a chamada lei do MEI, que permitia que várias despesas pudessem ser abatidas em dobro do custo do lucro tributado. Era um estímulo. No caso, estamos compartilhando esse estímulo pelos órgãos do sistema S, temporariamente”, disse.
Além disso, Joaquim Levy informou que haverá redução de 30% nas alíquotas do sistema S e do Sebrae e, também, oneração da tributação da contribuição previdenciária incidente sobre a folha – o que renderá mais R$ 6 bilhões aos cofres públicos em 2016. Na prática, esses recursos deixarão de ir para o Sistema S e passarão a ser direcionados para a Previdência Social.
Reajuste de servidores, concursos e DAS
Entre as medidas anunciadas, do lado do bloqueio de gastos, está o adiamento do reajuste do salário dos servidores públicos até agosto do ano que vem. Sem essa medida, os salários seriam corrigidos em janeiro de 2016. Com essa medida, o governo espera um impacto de R$ 7 bilhões a menos nos gastos públicos.
Além disso, também haverá suspensão de concursos públicos, que estavam estimados em R$ 1,5 bilhão em gastos em 2016. O governo anunciou ainda uma redução de R$ 2 bilhões em despesas discricionárias com DAS (cargos comissionados). Outras medidas anunciadas prevêem redução de ministérios (R$ 200 milhões a menos) e limites para gastos com servidores menores (R$ 200 milhões a menos também).
Teto salarial
O governo pretende ainda enviar ao Congresso projeto de lei para garantir o cumprimento do teto salarial a todos os agentes públicos e servidores. Atualmente, a legislação já diz que a remuneração no setor público não pode ultrapassar o salário de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas alguns benefícios e complementações salariais acabam por aumentar o valor.
Segundo Nelson, o projeto de lei imporia limites a situações que hoje geram salário superior ao teto.  “Vamos enviar um projeto de lei que vai disciplinar a metodologia de cálculo e o que entra ou não no teto de remuneração e ao mesmo tempo estabelecer um sistema de cruzamento de dados.”
 Abono permanência
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciou que vai eliminar o chamado abono de permanência, que um benefício remuneratório pago a servidores que já atingiram a idade para se aposentar, mas que permanecem na função. A extinção do benefício tem que ser feita por proposta de emenda à Constituição.
“Vamos eliminar o abono de permanência. A previsão é que mais 123 mil servidores adquirirão nos próximos anos. No próximo ano, os gastos com o abono serão de R$ 1,2 bilhão de reais”, disse o ministro.
Minha Casa, Minha Vida, PAC e Saúde
O ministro do Planejamento anunciou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) vai sofrer corte no trecho que trata do Minha Casa, Minha Vida, em R$ 4,8 bilhões.
“Para que isso não comprometa a execução do programa a nossa proposta é que o FGTS direcione recursos para pagamento de parte das despesas do Minha Casa, Minha Vida, na faixa 1, que hoje não recebe recursos do FGTS”, disse Barbosa.
Segundo ele, também está prevista uma renegociação de contratos de aluguel, manutenção e segurança, entre outros, para economizar mais R$ 1,6 bilhão no ano que vem.
Outra medida anunciada é a redução de gastos em R$ 3,8 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (sem Minha Casa Minha Vida) e de mais R$ 3,8 bilhões em gastos com Saúde (a serem recompostos posteriormente com emendas parlamentares).
 
Objetivo das medidas anunciadas
O objetivo do novo bloqueio de gastos é tentar reequilibrar a peça orçamentária do ano que vem, que foi enviada ao Congresso Nacional, pela primeira vez, com déficit (despesas maiores do que receitas) e evitar novo rebaixamento da nota brasileira pelas agências de clasificação de risco. Na semana passada, o Brasil perdeu o grau de investimento da Standard & Poors.
Meta fiscal
Para aumentar a confiança no Brasil, o governo já informou que buscará, ao invés de uma meta de déficit fiscal de R$ 30,5 bilhões para o governo (0,5% do PIB) ou de R$ 21,1 bilhões para todo o setor público (governo, estados, municípios e estatais), ou 0,34% do PIB – conforme está no orçamento de 2016 – um superávit primário, a economia para pagar juros da dívida pública, de 0,7% do PIB no ano que vem.
A retomada de uma meta superavitária para o próximo ano, da ordem de 0,7% do PIB, acontece após disputas internas entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que defende um resultado positivo para as contas públicas em 2016, e o titular do Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa – que buscava, com um déficit, uma meta mais “realista”.
Para se atingir essa meta de 0,7% do PIB, o governo informou que o esforço adicional, a ser implementado por meio de corte adicional de gastos e de aumento de tributos, é de R$ 64,9 bilhões – o equivalente a 1,1% do PIB. Esse é o valor do esforço para sair de um déficit de R$ 30,5 bilhões para o governo, previsto no orçamento, e se atingir uma meta fiscal de 0,7% para todo o setor público no ano que vem.
Ajuste nas contas públicas
Neste ano, para tentar melhorar o perfil das contas públicas, o governo já anunciou uma série de medidas fiscais – principalmente de aumento de impostos, mas também de bloqueio de gastos e limitação de benefícios sociais.
Também foram promovidas limitações de benefícios sociais, como seguro-desempregoauxílio-doença e pensão por mortealém de aumento da tributação sobre a folha de pagamentos. Todas estas medidas já passaram pelo crivo do Congresso Nacional e foram sancionadas pela presidente Dilma Rousseff.
Além disso, foram bloqueados quase R$ 80 bilhões no orçamento de 2015 – em relação aos valores aprovados pelo Congresso Nacional. Os investimentos, até o momento, foram o principal alvo dos bloqueios impostos pela equipe econômica neste ano.
Resultados fiscais
No ano passado, as contas de todo o setor público (governo, estados, municípios e empresas estatais) registraram o primeiro déficit primário (receitas menos despesas, sem contar juros) anual da história. Em 2014, o déficit primário foi de R$ 32,53 bilhões, ou 0,63% do PIB.
Em 2015, apesar dos vários aumentos de tributos e bloqueio de gastos públicos, as contas públicas continuaram a registrar deterioração. De janeiro a julho, foi contabilizado o pior resultado da série histórica, que começa em 2001, para este período. Em 12 meses até julho, houve um déficit primário de R$ 50,99 bilhões, ou 0,89% do PIB, também o pior resultado da série histórica para este indicador.
Quando se incorporam os juros da dívida pública na conta, no conceito conhecido no mercado como resultado “nominal”, houve déficit de R$ 502 bilhões em 12 meses até julho, o equivalente a expressivos 8,81% do PIB. Trata-se, também, do pior resultado da história. O déficit nominal foi impulsionado pelos gastos do Banco Central com os contratos de “swap cambial” – que já superam R$ 90 bilhões em 2015.
Se fechar neste patamar em 2015, o resultado nominal do Brasil só estaria em melhor situação da de países como Bahrein (déficit de 9,8% do PIB), Antigua (-10,5% do PIB), Algéria (-12,5% do PIB), Brunei (-15,6% do PIB), República do Djibuti (-13% do PIB), Egito (-11,7% do PIB), Guinea Equatorial (-21,4% do PIB), Eritreia (-12,18% do PIB), Guiné (-10,1% do PIB), Iraque (-9,9% do PIB), Líbia (-68% do PIB) e Venezuela (-19,9% do PIB), de acordo com projeções do Fundo Monetário Internacional.

Justiça proíbe servidor público acumular três aposentadorias

Servidores Públicos > Justiça Federal proíbe servidor de acumular três aposentadorias
Decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) negou a servidor público a possibilidade de acumular três aposentadorias. O autor da ação recebe duas aposentadorias por tempo de serviço como médico (uma pelo extinto Inamps e outra pelo Município do Rio de Janeiro) e relatou que, após se aposentar, ingressou novamente em cargo público de professor na Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde se aposentou compulsoriamente ao completar 70 anos.
O servido alegou que suas duas primeiras aposentadorias foram concedidas a título premial e não contributivo, e que sua nomeação como professor ocorreu anteriormente à entrada em vigor da Emenda Constitucional 20/98, de modo que tinha direito adquirido a continuar a receber os proventos já concedidos e a trabalhar, contribuir e se aposentar ao atingir 70 anos, conforme previsto no artigo 3º, parágrafo 3º da referida emenda. Ele defendia ainda que a proibição de acumulação prevista no artigo 40, parágrafo 6º da Constituição Federal abrange apenas as aposentadorias com natureza jurídica premial.
Ao analisar o caso, o tribunal assinala que a dúvida consiste em saber se há diferença nas regras de inacumulabilidade em razão de aposentadoria ter caráter premial ou contributivo. Além disso, há a questão da extensão do direito adquirido pelo impetrante quando da promulgação da Emenda Constitucional 20/98.
O relator do caso, desembargador federal Luiz Stefanini, explica que o artigo 37, parágrafo 10 da Constituição Federal/88, com da Emenda Constitucional 20/98, veda a percepção simultânea de proventos de aposentadoria, ressalvados os cargos acumuláveis na forma do próprio texto constitucional.
O magistrado também entende que o artigo 11 da Emenda Constitucional 20/98 diz que a vedação prevista no artigo 37, parágrafo 10, da Constituição Federal não se aplica aos servidores que, até a data da promulgação da própria emenda, tenham ingressado novamente no serviço público, sendo-lhes proibida a percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência a que se refere o artigo 40 da Constituição Federal.
Para ele, a exceção do artigo 11 da EC 20/98 permite que um servidor que reingressou no serviço público após já ter se aposentado, como é o caso do autor, acumule sua remuneração no cargo de atividade com proventos de aposentadoria. Contudo, não há nenhuma garantia da possibilidade de cumular mais de uma aposentadoria, ao contrário, há a proibição de cumulação mesmo de mais de uma aposentadoria.
Essa proibição é afastada pelo previsto no artigo 40, parágrafo 6º, porém apenas em relação a cargos acumuláveis na atividade.
Regime próprio
O autor da ação argumenta que a referência do artigo 11 da EC 20/98 ao “regime de previdência a que se refere o artigo 40 da Constituição Federal” diz respeito apenas ao “regime contributivo atuarial” (o regime posterior à EC 20/98) e não ao regime das aposentadorias de “natureza jurídica premial” (anterior à EC 20/98). Com relação a isso, diz a decisão: “Ora, mesmo que isso fosse verdade, o art. 11 excepciona apenas o previsto no artigo 30, parágrafo 7º e este último dispositivo trata apenas da cumulação de aposentadoria com proventos de atividade e não da cumulação de proventos de mais de uma aposentadoria.”
O autor também argumentou que a referência ao “regime de previdência previsto neste artigo” do art. 40, parágrafo 6º também apenas diz respeito ao regime de aposentadorias posterior à EC 20/98.
O tribunal salientou que isto não está correto, já que o regime de previdência de que trata o artigo 40 é o Regime Próprio de Previdência Social dos servidores, seja para aposentadorias anteriores ou para aposentadorias posteriores à EC 20/98.
Ele também alegou que quando da promulgação da EC 20/98, já tinha direito adquirido a “continuar a receber os proventos já concedidos e a trabalhar, contribuir e se aposentar, ao atingir a idade limite de 70 anos.” Por isso, segundo ele, não lhe poderia ser negada a sua terceira aposentadoria.
O tribunal entendeu que esse argumento não pode ser acolhido. Antes da EC 20/98, o interessado teria, se muito, expectativa de direito em relação à sua aposentadoria como professor, explica o relator. O direito a essa aposentadoria apenas poderia ser integrado ao seu patrimônio quando já tivesse cumprido os requisitos para a obtenção desse benefício.
No entanto, segundo a decisão do TRF3, o interessado não teria sequer expectativa de direito. Isso porque, mesmo antes da EC 20/98, já havia o entendimento de que não eram acumuláveis proventos de cargos inacumuláveis na atividade. Com informações do TRF3

Governo ressuscita CPMF para pagar aposentadorias

Fernanda Brigatti
do Agora
O ajuste fiscal sobrou novamente para os aposentados.
Segundo os ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, a recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre as Movimentações Financeiras), anunciada ontem pelo governo, é necessária para manter o pagamento dos benefícios previdenciários e reduzir o buraco nas contas em 2016.
O imposto do cheque, como a contribuição era conhecida, pode ser de 0,2%.
Levy disse que a cobrança será no mesmo modelo da lei anterior. Assim, o imposto será cobrado em todas as operações bancárias, como saques, transferências e pagamentos.

Patrão pode pagar INSS atrasado das domésticas

Cristiane Gercina
do Agora
Os patrões que estão devendo o INSS da doméstica já podem parcelar os valores na Receita Federal, por meio do Redom (Programa de Recuperação Previdenciária dos Empregadores Domésticos), que garante o parcelamento dos impostos em até 120 vezes (dez anos).
A medida vale desde a última sexta-feira.
Quem optar por pagar a dívida à vista terá incentivos federais. Não serão cobradas multas nem encargos financeiros, além de haver desconto de 60% nos juros.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Governo congela reajuste de servidores e suspende concursos

atualizado às 17h35
  • 22
  • COMENTÁRIOS
O governo federal anunciou hoje (14) que pretende congelar o reajuste dos servidores públicos e suspender a realização de concursos, em um esforço para atingir a economia prometida para o Orçamento de 2016. De acordo com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o governo está propondo que o reajuste dos servidores passe a valer somente em agosto do ano que vem e não em janeiro, conforme o usual.
Ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciam medidas
Ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciam medidas
Foto: Agência Brasil
Segundo o ministro, a medida vai gerar redução de R$ 7 bilhões nos gastos do Orçamento de 2016. A proposta depende de negociação com os servidores e o envio de um projeto de lei ao Congresso Nacional.
Mais R$ 1,5 bilhão será poupado pelo governo na forma da suspensão de concursos públicos. Barbosa informou que a medida será implementada por meio de uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias, em discussão no Congresso.
Os anúncios fazem parte de um conjunto de nove medidas que o governo está anunciando nesta tarde para reduzir os gastos. Outras propostas ainda serão apresentadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a fim de aumentar as receitas da União. Ao todo, R$ 64,9 bilhões serão anunciados pelo governo nesta segunda-feira, seja em redução de despesas, seja no aumento de receitas.
As medidas foram anunciadas com o objetivo de atingir superávit primário de 0,7% do PIB Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos em um país), na tentativa de recuperar credibilidade junto aos investidores internacionais.
Em 31 de agosto, o Executivo entregou ao Congresso Nacional a proposta orçamentária para 2016 com previsão de déficit de R$ 30,5 bilhões. Uma semana depois, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito do Brasil de BBB- para BB+, retirando o grau de investimento do país. O grau é dado a países considerados bons pagadores e seguros para investir.
Agência BrasilAgência Brasil

União aprova débito de INSS sem multa e com juros reduzidos

atualizado às 15h08

O Diário Oficial da União publica hoje (14) portaria que regulamenta as condições para que empregados e empregadores obtenham o cancelamento de multas e redução de juros de mora de débitos de INSS, previstas no Programa de Recuperação Previdenciária dos Empregadores Domésticos (Redom). O Redom foi instituído pela Lei Complementar 150 de junho de 2015.
A portaria determina que os débitos poderão ser pagos à vista, com redução de 100% das multas. Os débitos poderão também ser pagos, de forma parcelada, com desconto de 60% dos juros de mora e de 100% do valor dos encargos legais e custo com advogados. O valor da dívida poderá ser parcelado em até 120 prestações. As condições abrangem também os devedores que tenham débito em fase de execução fiscal, ou que tenham sido objeto de parcelamento anterior não integralmente quitado.Os interessados em receber os benefícios, que se estendem inclusive às pessoas que tenham débitos em dívida ativa, devem aderir ao Redom, por meio dos sites da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e da Secretaria da Receita Federal, a partir do dia 21 de setembro de 2015.
Pela portaria, o pagamento à vista ou a inclusão no parcelamento de débitos objeto de discussão administrativa implicam desistência de pedido de impugnação ou de recurso interposto e, ainda, renúncia às alegações de direito sobre as solicitações encaminhadas ou recursos administrativos.