Atualização: O golpe do seguro feito contra aposentados e pensionistas do INSS continua circulando. Assim, esta matéria publicada originalmente em julho de 2013, continua servindo de alerta aos beneficiários do INSS.
Jornal GGN - E um belo dia, o aposentado ou pensionista do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) recebe correspondência de uma seguradora conhecida. Dentro, uma apólice e o aviso de que teriam direito a liberação de pecúlio em vida no valor de R$ 71.200,00 mais aposentadoria vitalícia de 6 salários mínimos. O aviso vem acompanhado de dois números de telefone celular com DDD 61, de Brasília-DF, e o recado de que é preciso entrar em contato urgente com o setor de Liberação de Benefícios para receber esses valores.
O aposentado ou pensionista recebe a “boa notícia”, se anima e, mesmo não tendo feito nunca uma apólice deste tipo, liga, deposita o valor pedido para liberação dos prêmios e... fica sem nada. É um golpe. E nem é um golpe novo, já tendo sido detectado por várias associações de funcionários aposentados ou mesmo associações de defesa dos aposentados e pensionistas.
Um ponto que salta aos olhos é o nome de uma advogada, com carimbo, número de inscrição na OAB-DF (Ordem dos Advogados do Brasil-Distrito Federal) e rubrica. Em outra pesquisa, via internet, pode-se chegar ao site da OAB-DF e fazer uma consulta aos advogados ali cadastrados. Não existe cadastro para a advogada listada pois ela está sendo vítima destes falsários, tendo feito denúncia na própria OAB-DF por utilização indevida de seu nome e matrícula em um golpe que corre o país.
A advogada Ildecer Meneses de Amorim, presidente da Comissão de Direito do Consumidor da OAB-DF) relata que a profissional que teve seu nome envolvido no golpe pela ligação feita por um consumidor, que conseguiu o telefone em pesquisas e entrou em contato pedindo o dinheiro prometido na “apólice”.
Ildecer alerta para a importância de se pesquisar, antes de aceitar como real qualquer documento do tipo. “A primeira coisa, se existe o carimbo e rubrica de um advogado, é saber se ele existe”, diz ela, “toda matrícula tem a OAB de origem”, explica, chamando a atenção do consumidor para o DF (Distrito Federal) ao lado do número. De acordo com a advogada, basta ligar para a OAB em questão e pedir o telefone do advogado, ligar para ele e confirmar a veracidade do documento. Caso ele afirme não ter nada com o assunto, é fraude. E se é fraude, vira caso de polícia, e a pessoa pode fazer a denúncia.
A representante da OAB-DF chama atenção para o fato de que as “pessoas têm que denunciar”. Para ela, só se pode fazer uma sociedade mais justa, com mais confiança nas relações de consumo, se as pessoas mudarem o que está errado. “Tem que fazer esta cultura”, afirma ela.
Indagada sobre a presença de dados corretos na apólice falsa, Ildecer aponta várias possibilidades: os falsários podem ter tido ajuda para ter acesso aos dados do INSS ou podem ter comprado alguma lista de consumidores de alguma empresa. Ela alerta, no entanto, que nessas fraudes os dados são sempre corretos, “por isso demora para perceber fraude”.
Como identificar o golpe
A Corretora Sagres, de Brasília, foi vítima também, no último golpe circulando. Quando a pessoa recebe a correspondência, com a imitação de um contrato, tem o nome da corretora em letras destacadas e logo impresso nas páginas. Pois bem, ao pesquisar na internet se chega ao site da Corretora Sagres. Ao abrir o site, a primeira coisa a chamar a atenção é um comunicado da empresa dizendo que estão usando seu nome em um golpe e que o departamento jurídico da empresa está tomando as providências cabíveis.
Ainda observando o material enviado, uma leitura atenta identificaria outros pontos que apontam para um golpe. Nenhuma empresa séria fornece números de contato de telefone celular. Isso não existe. Toda empresa legalmente constituída fornece números de telefonia fixa aos seus clientes, além do 0800.
As informações constantes no contrato, em cláusulas que parecem tiradas de apólices totalmente diferentes. Mas pode-se observar, por exemplo, que nela constam detalhes do tempo de pagamento necessário, cerca de 10 anos. Pois bem, se o beneficiário da apólice não se lembra de contratar o seguro, com certeza saberá se contribuiu tantos anos ou não.
Fraudes podem carregar dados corretos da vítima, é certo, mas tudo pode ser desmontado com uma leitura atenta do contrato recebido e, é claro, com algumas pesquisas simples sobre a procedência do documento.
Observe também o carimbo de procedência da correspondência, que pode dizer muito sobre o conteúdo. Na correspondência analisada, o endereço do remetente era de Brasília-DF e o carimbo no envelope era de Benfica, algo impossível de se conseguir na capital federal. Algo se depreende dessas informações conflitantes.
SUSEP
Algumas informações importantes
O golpe do seguro não é tema novo, nem para o consumidor e muito menos para a Susep (Superintendência Nacional de Seguros Privados). A entidade alerta para a importância de perceber que propostas muito vantajosas precisam ser analisadas, com a devida comprovação de fonte confiável. Em comunicado, a Susep aponta para o fato de que há alguns anos, estelionatários vêm causando prejuízos a cidadãos, oferecendo resgate de seguros e planos de previdência adquiridos no passado, mediante o pagamento prévio de valores a título de custas para liberação do resgate.
Acontece que, conforme explica a Susep, os liquidantes, em nenhuma hipótese, solicitam pagamento prévio de qualquer valor para liberação de benefícios. E, quando este for o caso, uma empresa o fará de maneira formal, por carta ou edital. Assim, qualquer ligação telefônica, e-mail ou contato feito por pessoa se identificando como servidor da Susep, deverá ser descartado, principalmente ser for para anunciar que o aposentado ou pensionista é o ‘feliz’ beneficiário de uma apólice como pecúlio liberado e que só precisaria pagar uma percentagem para resgatá-la.
A entidade informa ainda que essas empresas, quando utilizadas por estelionatários, são aquelas que já encerram suas atividades, encontrando-se sob regime de liquidação extrajudicial. E, por fim, a orientação de que se faça denúncia, caso receba esses telefonemas ou correspondência, à própria Susep. A entidade poderá ser procurada, também, em caso de dúvidas, o que pode ser uma boa prática para evitar cair em fraudes.