ESPECIALISTAS REFORÇAM A IMPORTÂNCIA DAS CRIANÇAS COM DOWN CONVIVEREM COM OUTRAS QUE NÃO TÊM ESSE MESMO TIPO DE DEFICIÊNCIA.
Em algum momento da sua vida,você já deve ter se deparado com uma criança ou adulto com síndrome de Down. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, em cada 600 a 800 nascimentos, um bebê tem essa deficiência. E um dos grandes problemas é que muitas vezes as famílias, e até mesmo a sociedade,ainda não está informada (e nem preparada) o suficiente para lidar com a situação. Resultado? Muitas vezes são causados conflitos, preconceito e discriminação com quem tem esse tipo de síndrome. Para que você, leitor do Tempo de Mulher, possa compreender de que forma ocorre essa deficiência vamos explicar a seguir.
Toda pessoa tem um número total de 46 cromossomos presentes em cada célula (23 do pai e 23 da mãe). Eles são dispostos em pares, ou seja,são 23 pares. No caso de quem nasce com síndrome de Down, há erro na distribuição e, em vez de 46, as células terão 47 cromossomos cada uma. Este amais, por sua vez, se liga exatamente ao par 21 (dos 23).
Tendo em vista a necessidade de informar pais e famílias que convivem com pessoas que têm síndrome de Down, a advogada Maria Antônia Goulart, 38, criou o "Movimento Down". Até porque ela mesma vivenciou esse tipo de situação ao descobrir que sua segunda filha tinha nascido com a síndrome. "Não estávamos esperando aquilo.Ficamos muito angustiados e, como todo mundo, a primeira coisa que você faz éir à internet. E acho que deu ainda mais desespero porque tivemos acesso a muita informação desatualizada sobre o tema, coisas antigas e ultrapassadas",conta."A Beatriz nasceu em 2010 e, nesse meio tempo, o Brasil vinha pleiteando o reconhecimento pela ONU do Dia Internacional da Síndrome de Down [dia 21 de março]. Nos engajamos nessa bandeira e, em 2012, quando conseguimos o reconhecimento do Movimento Down,colocamos no ar o site. Foi muito bacana", diz Maria. O espaço virtual reúne temas que abordam, por exemplo, os cuidados com a saúde, legislação e direitos, educação inclusiva e dicas para entrada do mercado de trabalho.
Além disso, depois de muita experiência em torno dessa síndrome, Maria Antônia Goulart afirma que o preconceito que existe por parte das pessoas é fundamentalmente fruto da falta de informação. Por isso, em junho deste ano, a organização criada por ela lançou uma cartilha voltada para jornalistas e a população em geral com "10 Coisas que Todo Mundo Precisa Saber sobre a Síndrome de Down".
Ela lembra que uma vez estava no parquinho da praia e uma mãe não quis que a filha brincasse com a Beatriz. "Não sei o que passou na cabeça dela naquele momento, mas conversando com outras famílias vemos que, para elas, se seu filho conviver comum a criança com síndrome de Down ele não vai se desenvolver plenamente. Ou ainda que a criança vai puxar o filho do outro e até mesmo a turma da escola para baixo, que essa criança vai ensinar coisas erradas", explica a mãe de Beatriz.
Termos corretos x incorretos A proposta da cartilha,portanto, é desmistificar. e um dos erros citados é quando consideram as pessoas com síndrome de Down com "deficiência mental", quando na verdade essa deficiência é intelectual. Então, a cartilha explica que deficiência intelectual não é o mesmo que a mental, esta que é um comprometimento de ordem psicológica. Por isso, não é apropriado usar deficiência mental para se referir às pessoas com síndrome de Down.
Outro equívoco é usar a expressão "fulano ou sicrana é portador de síndrome de Down". O apropriado é dizer pessoas com síndrome de Down, pois é uma ocorrência genética e não doença. Por isso, não é correto dizer que uma pessoa que tem síndrome de Down é doente. Também não é certo falar que alguém sofre, é vítima, padece ou é acometida por síndrome de Down. O correto é afirmar que a pessoa tem ou nasceu com a síndrome."Quando você pensa na síndrome de Down, a primeira imagem que vem na cabeça da maioria das pessoas é a imagem do passado, onde as pessoas não tinham acesso à estimulação precoce,ficavam isoladas, não tinham convivência com os outros, e aí, claro, não desenvolviam uma série de habilidades sociais e inclusive cognitivas".
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