Mulher com vitiligo tem direito a aposentadoria rural por invalidez
I.M.A., de 54 anos, se surpreendeu ao saber que tinha direito a aposentadoria por invalidez rural. Eu não sabia que conseguiria porque as pessoas acham que vitiligo não é uma doença, desabafou, ao sair da audiência presidida pelo juiz Reinaldo de Oliveira Dutra, durante a realização do Programa Acelerar - Núcleo Previdenciário, que termina nesta quinta-feira (2), na comarca de Itapuranga.
De acordo com o magistrado, o laudo pericial comprovou a incapacidade para o trabalho, ou seja, para atividade declarada de lavrador, uma vez que a exposição ao sol é inevitável. Havendo então, reconhecimento da qualidade de segurada especial, foi celebrado acordo com a autarquia previdenciária e a dignidade foi devolvida a autora, frisou Reinaldo Dutra.
A doença a que ela se refere é o vitiligo, caracterizado pela perda da coloração da pele, as lesões formam-se devido à diminuição ou ausência de melanócitos (as células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele). I. afirmou que as pessoas têm medo dela e muitas acham que é apenas um problema na pele. Eu sinto muito dor e fico envergonhada de ter a minha pele desse jeito, mas eu sempre falo que não é contagioso, relatou.
Pelo acordo homologado, a mulher, além de ter direito ao benefício pleiteado, receberá R$ 4,9 mil de atrasados. Esse dinheiro vai mudar minha vida. Depois de ter sofrido tanto, não acredito que agora consegui ganhar algo, disse emocionada. I. contou que teve três filhos, destes, apenas um está vivo. Minha menina morreu bebê e meu outro filho suicidou ao 15 anos, afirmou.
Com a aposentadoria, ela garante que vai melhorar sua qualidade de vida. Quero comer melhor, arrumar minha casa e cuidar da minha saúde porque as dores que eu sinto me incomodam muito, ressaltou. Morando em uma fazenda que fica a 20 quilômetros da cidade, a mulher diz que não pretende mudar. Agora vou poder cuidar de mim e ser feliz com meu marido, finalizou.
A vizinha de I., D.F.T., de 60 anos, que a acompanhou até o fórum para testemunhar, mas foi dispensada pelo juiz, também comemorou o resultado da audiência. Essa mulher merece, ela sofreu demais na vida. Já perdeu dois filhos, o ex-marido e o pai dela foram muito ruins para ela, contou, ao confirmar que conhece I. há cerca de 30 anos.
Fonte: Tribunal de Justiça de Goiás
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